ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 063

Investigação


063

Transmitância da Orelha Média na Artrite Reumatóide

Autores:
CIBIN, B.C.1, SANCHES, S.G.G.1, LAURINDO, I.M.M.1, SHAHNAZ, N.2, CARVALLO, R.M.M.1
1 FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2 UBC - University of British Columbia

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: A artrite reumatoide é uma doença autoimune que causa inchaço, dor e diminuição de movimento das articulações chamadas diartroses ou sinoviais. As articulações da orelha média (incudomaleolar e incudoestapediana) são verdadeiras diartroses e, portanto, podem estar sujeitos às mesmas lesões reumáticas como outras articulações do corpo. Estudos têm sido realizados para elucidar a existência de alterações inflamatórias típicas nas articulações da orelha média e suas relações com a audição em pacientes com artrite reumatoide. Tanto perda auditiva neurossensorial como condutiva foram relatadas em diferentes estudos, assim como o acometimento da orelha média, mas os resultados não estão em concordância. A transmitância de energia é uma medida de imitância acústica de banda larga, expressa em decibel (dB), com boa sensibilidade a mudanças sutis nas articulações da cadeia ossicular da orelha média. Objetivo: Avaliar o efeito da artrite reumatoide na audição destes indivíduos, em especial nas medidas de transmitância acústica da orelha média. Método: 14 pacientes (critérios American College of Rheumatology), de 26 a 47 anos, sexo feminino, reunidas em dois grupos: G1 - 7 participantes (média de idade 38 anos) com diagnóstico de artrite reumatoide ha 5 anos ou menos; G2 - 7 participantes (média de idade 39,7 anos) com diagnóstico de artrite reumatoide há 10 anos ou mais. Os testes foram realizados nesta ordem: anamnese, otoscopia, imitanciometria - timpanometria e reflexo acústico com sonda de 226 Hz; audiometria tonal liminar (250-8000Hz) e audiometria de altas frequências (9000-18000Hz); imitância acústica de banda larga (200-6000Hz), cujos dados foram extraídos como bandas de 1/3 de oitava para transmitância de energia em um documento de extensão Excel. Os resultados foram analisados estatisticamente e o nível de significância adotado foi de 0,05. Resultados: O teste t-Student não revelou diferença significativa na comparação entre os grupos para os resultados de imitanciometria, reflexos acústicos, audiometria tonal convencional e audiometria em altas frequências. No entanto, ao comparar os valores de transmitância de energia entre os grupos estudados (G1 e G2), por meio do teste de análise de variância, observou-se diferença significativa (p <0,001), especialmente na região de 250 a 2.500 Hz, para orelhas direita e esquerda, sendo que a reflectância foi mais alta para o G2 em comparação ao G1, nesta faixa de frequências. Conclusão: Resultados indicam que, similar às orelhas com otosclerose, há diminuição da transmitância de energia em frequências baixas, entretanto, a artrite reumatoide parece acometer também frequências médias ao comparar o grupo G1 ao G2. Estas mudanças parecem estar relacionadas a um aumento na rigidez do sistema tímpano ossicular causada pelo impacto da atrite reumatoide na articulação dos ossículos da orelha média. Com a evolução da doença, é possível verificar menos energia sendo transmitida através do mecanismo da orelha média em frequências mais baixas que 2.500 Hz. Medidas de Imitância Acústica de Banda Larga têm sido amplamente empregadas em pesquisas para avaliação do comportamento de diferentes doenças de orelha média e podem ser uma ferramenta eficaz no monitoramento da evolução da artrite reumatoide.

Palavras-chave:
 Medidas de impedância acústica, orelha média, artrite reumatoide