ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 060

Investigação


060

Comparação das respostas auditivas eletrofisiológicas entre crianças com epilepsia benigna da infância com espículas centrotemporais e epilepsia de lobo temporal

Autores:
CASALI, R.L.1, AMARAL, M.I.R.1, BOSCARIOL, M.1, GUERREIRO, M.M.1, MATAS, C.G.2, COLELLA-SANTOS, M.F.1
1 UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, 2 USP - Universidade de São Paulo

Resumo:
Resumo Simples

As descargas cerebrais anormais presentes na epilepsia benigna da infância com espículas centrotemporais (EBICT) e na epilepsia de lobo temporal (ELT) localizam-se em regiões próximas às áreas responsáveis pelo processamento auditivo e linguístico. Esse estudo teve como objetivo analisar os resultados do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) e do P300 em crianças com EBICT e ELT, a fim de avaliar se a atividade epiléptica nas regiões centrotemporais e temporais pode prejudicar a integridade e a fisiologia das estruturas do sistema auditivo. Tratou-se de estudo de corte transversal comparativo e prospectivo. O Grupo I (GI) foi composto por 13 crianças com diagnóstico de EBICT, GII por 07 crianças com ELT e grupo controle (GIII) por 16 crianças sem epilepsia, queixas auditivas e/ou escolares. Após avaliação neurológica e audiológica, foram aplicados os testes eletrofisiológicos PEATE e P300. Os valores de latência absoluta das ondas I, III e V, interpicos I-III, III-V e I-V, bem como a latência e amplitude da onda P300 foram comparados entre os grupos. Em relação ao PEATE, os pacientes com EBICT apresentaram diferenças estatisticamente significativas para as latências absolutas das ondas I e V, sendo esses valores prolongados em comparação aos observados no grupo controle. Os pacientes com ELT apresentaram diferenças estatisticamente significativas para as latências absolutas das ondas I e III, as quais estavam aumentadas em comparação aos observados no grupo controle. Quanto ao P300, foram observados valores médios de latência de 324,1 ms (+ 31,5) no GI, 336,3 ms (+ 23,5) no GII e 318 ms (+ 27,7) no GIII. Em relação à amplitude, verificou-se valores médios de 4,80 μV (+3,2) no GI, 4,7 μV (+ 2,5) no GII e 5,8 μV (+ 2,4) no GIII. Embora as crianças com EBICT tenham apresentado latências prolongadas e amplitudes reduzidas, tais diferenças não foram consideradas significativas. As crianças com ELT apresentaram diferença estatisticamente significante para a latência do P300 na comparação com o grupo controle. A presença de descargas elétricas anormais nas regiões temporais e centrotemporais, ocasionada pelos tecidos com sinais neuropatológicos (zona epiléptica) acarreta dissincronia na via auditiva como um todo, com consequente lentificação no processamento cognitivo da informação sonora. A severidade da ELT e localização das descargas na região onde a via auditiva tem sua estação final justificam o maior comprometimento do P300. No presente estudo o P300 foi considerado um procedimento útil para identificar disfunções no processamento da informação auditiva no lobo temporal.

Palavras-chave:
 epilepsia, eletrofisiologia, criança