ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 065

Investigação


065

Generalização do aprendizado cognitivo e sensorial em crianças com desenvolvimento típico

Autores:
MURPHY, C..F.B.1, MOORE, D.R.2, SCHOCHAT, E.1
1 USP - Universidade de São Paulo, 2 U.CINCINNATI /USA - Cincinnati Children´s Hospital

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: pesquisas têm demonstrado que tanto aspectos sensoriais auditivos (bottom-up) quanto aspectos cognitivos (top-down) estão envolvidos no processamento da linguagem. Sendo assim, estudos têm investigado o impacto de diversos tipos de estimulações (sensoriais e cognitivas) nas habilidades de linguagem e demonstrado que, apesar do grande número de pesquisas, não há consenso quanto à generalização do aprendizado, decorrente destas intervenções, para as habilidades linguísticas. Além disso, não há pesquisas comparando diretamente, no mesmo estudo, o efeito destas intervenções específicas, como os treinos sensoriais auditivos, de memória, e de atenção, nas habilidades linguísticas de crianças. Objetivo: investigar o efeito de três diferentes tipos de treinamento, envolvendo aspectos sensoriais (treino auditivo) e aspectos cognitivos (memória e atenção), especificamente, em crianças com desenvolvimento típico. Além disso, também será investigado se há generalização do aprendizado, ocorrido a partir de cada treino, para diferentes habilidades sensoriais auditivas e cognitivas. Método: O total de 58 crianças com idades entre 5 e 8 anos foram aleatoriamente selecionadas para comporem 5 grupos: grupo do treino de atenção (GA; n= 13, média de idade = 7.4), grupo de treino de memória (GM; n= 13, média de idade = 7,4), grupo de treino sensorial auditivo (GS; n= 12, média de idade = 12), grupo de treino placebo, submetido a treino artístico (GP; n= 13, média de idade = 7,4) e grupo controle não-treinado (CG; n=9, média de idade = 7,2). As medidas aplicadas antes e após o treino foram classificadas em: “compliance measures” (progresso durante o treino), “mid-transfer” (atenção auditiva, memória fonológica e fala comprimida) e “far-transfer” (leitura de palavras e consciência fonológica). Todos os grupos (exceto o grupo controle) foram treinados a partir de programas computadorizados e jogos on-line contendo tarefas específicas como memória de trabalho (para o treino de memória), atenção sustentada e dividida (para o treino da atenção), discriminação de frequência e mascaramento temporal (para o treino sensorial auditivo) e atividades de pintura e desenho on-line (para o treino placebo). Foram realizadas 11 sessões (em média), com duração de 50 minutos, em 12 semanas. Resultados: todos os grupos treinados demonstraram melhora significante do desempenho na tarefa treinada (“compliance measures”). Em relação às medidas pré- e pós-treino, ANOVA mista com dois fatores demonstrou que a maioria dos grupos, inclusive os grupos placebo e controle, demonstrou melhora na maioria das tarefas, sugerindo presença de efeito teste-reteste. Entretanto, houve interação significante entre grupo e treino para o teste Span de Dígitos (F (4,117) = 2,73, p = 0.038), com ganho significante maior do GM após o treino, em comparação com os outros grupos, e interação apenas com tendência à significância para Leitura de Palavras (F(4,117) = 2,36, p = 0.064). Conclusão: os resultados demonstraram que tantos os treinos considerados bottom-up (treino sensorial), quanto os treinos top-down (memória e atenção) podem levar à melhora do desempenho das tarefas treinadas e à transferência do aprendizado para tarefas próximas às treinadas (“mid-transfer”), no caso do treino de memória. Entretanto, não há transferência evidente para as habilidades linguísticas, como leitura e consciência fonológica (“far-transfer”).

Palavras-chave:
 criança, treinamento, audição, cognição