ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: P095

Poster (Painel)


P095

Ocorrência de alterações auditivas em crianças com sífilis congênita

Autores:
LEITE FILHO, C.A.1, LAGRECA, L.C.1, JESUS, N.O.1, AZEVEDO, M.F.1
1 UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: o recém-nascido acometido pela sífilis congênita pode ter diversas complicações, como as alterações auditivas, que possuem impacto significativo sobre o desenvolvimento social, psicológico, cognitivo e da linguagem. Portanto, a caracterização destas alterações é de fundamental importância para melhor compreensão da doença. Objetivo: verificar a ocorrência de diferentes tipos de alterações auditivas em crianças com sífilis congênita. Método: realizou-se um estudo retrospectivo longitudinal, com análise de protocolos do serviço de diagnóstico em audiologia de uma instituição pública da cidade de São Paulo. Foram analisados 76 protocolos de crianças com idades entre um e 24 meses nascidas entre os anos de 2010 e 2013, que foram distribuídas em dois grupos: grupo sífilis (GS) – composto por 17 homens e 15 mulheres com diagnóstico de sífilis congênita; e grupo controle (GC) – composto por 21 homens e 23 mulheres com outros riscos ou sem risco para perda auditiva. Foram utilizados os seguintes procedimentos para avaliar as crianças participantes do estudo: emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente (EOAT), produto de distorção (EOAPD) e supressão das emissões com o programa Ilo V6; audiometria com reforço visual a partir dos seis meses de idade e lúdica a partir dos dois anos de idade com o audiômetro AD229b da marca Interacoustics; medidas de imitância acústica com o imitanciômetro AZ7 da marca Interacoustics; e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) protocolo neurológico com o aparelho Smart-EP da marca Intelligent Hearing. A partir dos resultados obtidos nos exames, as crianças foram distribuídas em quatro grupos: audição normal – limiares auditivos ≤ 15 dBNA, curva timpanométrica tipo A bilateralmente e presença de EOAT; alteração condutiva – limiares piores que 15 dBNA, curva timpanométrica tipo B ou C e ausência ou presença parcial de EOAT; alteração coclear – limiares piores que 15 dBNA, curva timpanométrica tipo A, ausência de EOAT ou EOAPD e PEATE com limiares elevados; alteração retrococlear – qualquer indicador de perda retrococlear, como ausência de reflexo cocleopalpebral, ausência ou alteração de PEATE, limiares auditivos piores que 15 dBNA ou ausência de supressão das emissões otoacústicas, aliado à presença de EOAT e curva timpanométrica tipo A. A análise estatística foi feita com o programa R (versão 3.0.2) e buscou associação entre as variáveis estudadas por meio do teste de qui-quadrado. Resultados: houve distribuição homogênea dos gêneros em cada um dos grupos. Os grupos GS e GC apresentaram, respectivamente: 53,1% (17) e 50% (22) com audição normal; 31,3% (10) e 38,6% (17) com alteração condutiva; 6,2% (2) e 9,1% (4) com alteração coclear; e 9,4% (3) e 2,3% (1) com alteração retrococlear. Não foi constatada relação estatisticamente significante entre qualquer tipo de alteração auditiva e os grupos deste estudo (p = 0,212). Conclusão: crianças com sífilis congênita não apresentaram maior ocorrência de determinada alteração auditiva em comparação com crianças sem risco para alteração auditiva ou com outros riscos. Para que tal relação seja estabelecida, são necessários estudos com maior número de indivíduos.

Palavras-chave:
 perda auditiva, sífilis congênita, diagnóstico, testes auditivos, saúde da criança